domingo, 5 de março de 2023

É PRECISO APOIAR AS MULHERES

1 - Apoiamos o feminismo e acreditamos que a existência de militantes feministas nas nossas fileiras aumentará nosso potencial e a nossa compreensão da realidade. Acreditamos que a opressão de classe está intrinsecamente ligada com a opressão machista, e por isso julgamos inaceitável entre os nossos militantes comportamento machista.

2 - A “crise sexual” dos nossos tempos coloca à prova as formas tradicionais de família, o que abala os grandes proprietários. Esta classe precisa imprimir sobre a sociedade a lógica do dinheiro, da propriedade privada, e sua consequente e crescente mesquinhez. O senso comum dos grandes proprietários é de submissão e de supressão do espírito e da individualidade, e acreditamos que as rupturas com as velhas formas de família vão no sentido de libertar as pessoas da escravidão no núcleo familiar, da estreiteza de espírito patriarcal, onde uma das únicas coisas verdadeiramente desassociadas ao dinheiro e, portanto, à propriedade privada, é o amor, que não faz real distinção entre o rico e o pobre. Acreditamos que entre os grandes proprietários o amor tem-se tornado cada vez mais fruto do supérfluo, pois o modo de vida onde tudo se consegue através da moeda retira do grande proprietário o encanto do mundo e das pessoas. Este, que quer tudo à sua imagem e semelhança, para assim poder governar, não tolera a libertação sexual das mulheres e, também em certa medida, dos homens, muito embora tenha que fingir hipocritamente aceitar as mudanças no seio da família, para não deslegitimar sua “democracia”.

3 - O núcleo familiar é onde as pessoas repousam e realizam as atividades mais suas. No capitalismo, temos uma extensão do trabalho para dentro do lar, porém, com o importante detalhe de que não é trabalho assalariado. E o pior é que este trabalho recai sobre a mulher, que muitas vezes precisa realizar o dobro de trabalho. Acreditamos que o trabalho doméstico deve ser reduzido ao mínimo possível, permitindo que as famílias possam encontrar suas necessidades básicas satisfeitas pelo Estado proletário sem cobrar nada, com restaurantes públicos, creches, lavanderias, casas de repouso. Estes lugares também são um convite para a socialização das pessoas. Estes núcleos de emancipação familiar e social não podem ser desenvolvidos senão pelo esforço conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras.

4 - Observamos que na sociedade, em seus núcleos familiares, muitas vezes são reproduzidas as ideologias de massa que o ser social capta na vida diária. A ideologia dos grandes proprietários pode vir a se reproduzir, principalmente se levando em conta que o patriarcado força, principalmente sobre os homens, a ideia de propriedade sobre a mulher. Acreditamos que estes limites devem ser rompidos pela real interação humanista entre os membros da família, de forma que possam reconstituir não apenas suas forças para voltar a trabalhar, mas também sua compreensão psíquica e felicidade. Acreditamos que a ideologia socialista tem muito a oferecer para as famílias neste intento de se construir novas relações.

5 - Somos definitivamente contra todo tipo de preconceito sobre as decisões da mulher, já seja tendo a ver com os seus relacionamentos afetivos, sua aparência, suas opiniões. O preconceito provém da ideia de que o diferente deve ser suprimido ou adaptado à realidade de quem é “normal”. O capitalismo suprime a liberdade, pois o dinheiro, embora pressuponha a liberdade, também a coarta, e na época imperialista este último critério é o definitivo, com a concentração de capital. Esta ideia se estende para as cabeças dos trabalhadores menos instruídos, no que os grandes proprietários aproveitam a deixa para estimular os preconceitos de gênero, raça e classe, gerando a separação da classe proletária e impedindo sua união em torno do objetivo do socialismo. O(a) militante revolucionário(a) deve educar-se e abrir mão de todos os seus preconceitos (gênero, raça, cor...) como condição para pertencer à frente única.

6 - Acreditamos que o socialismo será a era do acúmulo de amor, e que o amor possui várias formas, devendo ser respeitadas e estimuladas. Não somos contra tal ou qual tipo de relacionamento (monogâmico, não-monogâmico, assexualidade etc. etc.), mas somos radicalmente contra a imposição autoritária de um modo ou outro de amar. Acreditamos também que o amor é maior quando a pessoa amada encontra-se vívida e dialética, por isso acreditamos que os trabalhadores devem respeitar as manifestações de gênero, como o feminismo.

7 - O homem e a mulher, desde o ponto de vista biológico, não são iguais. A mulher, em especial, pode vir a engravidar e, quando o filho nasce, precisa amamentá-lo. Estas coisas um homem não pode fazer. Portanto, por mais que lutemos pelo socialismo e pela igualdade entre homens e mulheres, existe essa diferenciação. Isto não modifica em nenhum ponto nosso programa de emancipação do ser humano, pela sociedade socialista. No entanto, é necessário fornecer às mulheres o apoio necessário para que não tenham dificuldades na gravidez e no amamento, como maternidades, creches, escolas, restaurantes, casas de repouso, etc. etc. A criação das crianças não deve ser apenas da mulher (esta é uma ideia contrarrevolucionária), mas deve ser compartilhado igualmente com o homem, e tal deve ser estendido para a sociedade.

8 - Não acreditamos que o núcleo familiar deva se dissipar de repente, seja ele heterossexual, lésbico, gay, monogâmico, não-monogâmico, etc, mas também acreditamos que a família não deve ser uma ilha na sociedade; a sociedade socialista se aprimorará de forma a que existirá uma oxigenação muito sã entre família e sociedade. O divórcio deve ser garantido pelo poder soviético por lei, sendo direito inalienável, tanto da mulher como do homem. Neste caminho, o homem deve mostrar solidariedade à mulher, apoiando-a tanto nas causas sociais quanto nas tarefas domésticas.

9 – Acreditamos que o quanto mais as amplas massas tenham a compreensão do socialismo, mais fáceis serão as interações teóricas e práticas sobre assuntos conjugais e de característica feministas.

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